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Discriminação: aquilo que nos divide

Andrey Régis de Melo, 35 anos, é defensor publico na cidade de Santa Maria, no centro do Estado, mas não acredita que o racismo, do qual também já foi e ainda é vítima, possa ser combatido com seu trabalho, no tribunal. Para ele esse é um problema de formação moral e social do povo brasileiro. “Se você não tem, de um modo geral, crianças negras nas escolas frequentadas pelos filhos da elite brasileira, como uma criança vai aprender a conviver com a diferença?”, questiona ele.

Andrey afirma que o Direito Penal é um fracasso na redução de qualquer fenômeno social reputado como nefasto. O pior preconceito ainda é aquele velado. “Tenta-se prevenir algumas condutas públicas de preconceito, mas se o sujeito resolve que não convidará negros para a festa de aniversário ou não terá empregados negros na empresa, o racismo está ali, na sua forma mais perversa, a velada”, critica ele. Com propriedade para falar sobre o assunto, ele afirma: não há eficácia de qualquer lei penal ou do próprio sistema de Justiça no pensamento individual ou coletivo sobre a questão étnico-racial brasileira. Então qual a saída? Andrey é a favor das cotas. Para ele os 400 anos de escravidão não podem ser vistos como um simples passado. “Transcorrido mais de um século de liberdade, a situação social dos negros reflete limpidamente o pesado fardo da escravidão, e não haveria de ser diferente, quatro séculos sem direitos e de atraso em relação aos demais brasileiros não podem e nunca serão superados sem o manejo de ferramentas públicas que venham a possibilitar um crescimento social e profissional dos negros”, opina ele.

Andrey sustenta que, sobre as cotas, é preciso lembrar que, por quase quatrocentos anos, a escravidão foi a tônica na vida dos negros. “0 ato princesa], infelizmente, não descortinou a ‘exemplar democracia racial brasileira’. Não é possível concluir que a Lei Áurea tenha promovido a divisão dos meios de produção. Portanto, as ações afirmativas são fundamentais para o contorno de um processo histórico de exclusão”, disse ele. Andrey relembra que, desde criança, o negro vai aprendendo a sentir o olhar perverso do racismo, com piadas e insultos. “É preciso cuidado para que a humilhação racial sofrida na infancia não sepulte a capacidade de reflexão e reação”, alerta. Mas em relação ao preconceito racial, em regra, ele afirma que a exclusão racial é agravada pela presença da exclusão social.  Acompanhe aqui a matéria completa.

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