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Representatividade: Rio Grande do Sul é o primeiro Estado a ter uma Defensora Pública com surdez

Aprovada no VI Concurso Público para ingresso na carreira, Fernanda Peixoto Goldenfum é a primeira Defensora Pública com deficiência auditiva profunda bilateral do país a assumir o cargo. Ela tomou posse em 5 de janeiro deste ano na Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (DPE/RS).

Fernanda nasceu em Porto Alegre, mas cresceu em Tapes, voltando a morar na capital aos 17 anos quando começou a faculdade de direito. Ela nasceu com deficiência auditiva neurossensorial profunda bilateral em decorrência de rubéola congênita que a mãe teve em sua gestação.

A Defensora Pública conta que começou a fazer uso do aparelho auditivo bilateralmente aos 3 meses de idade e que por volta dos 25 anos passou a usar implante coclear no ouvido esquerdo e aparelho auditivo no ouvido direito. E destaca que fez tratamento com fonoaudiólogas durante a infância e adolescência para desenvolver a oralização.

“Minha família optou por minha comunicação ocorrer de forma oral, por meio da Língua Portuguesa. Aprendi a me comunicar por libras apenas na faculdade de direito, como forma de eventualmente vir a me comunicar com surdos sinalizados. Estudei em escola regular, tanto na pública quanto na privada”, ressalta Fernanda.

Longa trajetória

Fernanda está na DPE/RS desde 2014, onde começou a trabalhar como analista processual. Hoje, como Defensora Pública, afirma viver um sonho desafiador. “Tenho dias desafiadores, pois como pessoa com deficiência auditiva profunda bilateral, necessito de adaptações funcionais, as quais estou descobrindo pouco a pouco, dia a dia, juntamente à Instituição”, relata.

De acordo com Fernanda, é importante ter um caminho para que DPE/RS seja cada vez mais inclusiva e valorize diversidade e pluralidade. “Termos pessoas com deficiência na Defensoria Pública e em todo o sistema de justiça é fundamental para a inclusão de pessoas com deficiência tanto no ambiente de trabalho, especialmente no serviço público, quanto no meio social. É uma maneira de combater e reparar a histórica invisibilização das pessoas com deficiência, que se dá, essencialmente, pelo capacitismo estrutural e pelo preconceito”.

Para Fernanda, a Defensoria Pública deve garantir pleno acesso tanto para os assistidos como para possíveis Defensores Públicos. “A instituição deve estar devidamente adaptada para garantir a acessibilidade física e atitudinal às pessoas com deficiência. E ainda ser educadora dos direitos e instrumento de transformação social”, opina.

A concretização de políticas públicas para esta parcela da população também é de suma importância, de acordo com a Defensora. “A Defensoria pode demandar extrajudicialmente e judicialmente em favor desta parcela da população, auxiliando no enfrentamento à histórica invisibilização de pessoas com deficiência”, conclui Fernanda.

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