Caso Eliseu Santos: Defensora Pública consegue absolver mais dois réus, após 3 dias de júri
“Saio muito satisfeita em lograr êxito e demonstrar aos jurados a inexistência do fato. Foi um processo que tramitou por 11 anos, com sessões marcadas por debates muito acirrados (…). Trata-se de uma grande vitória e um grande reconhecimento do trabalho feito pela Defensoria Pública do Estado”, disse a Defensora Pública Tatiana Kosby Boeira, após conseguir absolver mais dois réus acusados pelo Ministério Público de envolvimento no caso do assassinato do ex-secretário de Saúde de Porto Alegre Eliseu Santos, em 2010.
Cássio Medeiros de Abreu e José Carlos Elmer Brack respondiam pelo crime de corrupção, conexo ao crime doloso contra a vida.
Foram 3 dias de júri, que iniciaram na manhã de segunda-feira (12), no Foro Central, e encerraram na noite desta quarta. A decisão foi lida às 23h08min, pelo juiz Thomas Vinícius Schons. Também foi absolvido Marco Antônio de Souza Bernardes, que era defendido por advogado particular.
Entre outras coisas, a Defensora Pública Tatiana Boeira sustentou e demonstrou aos jurados que houve aproveitamento político do caso, em que se explorou o homicídio de Eliseu para atingir o PTB, partido da vítima e dos réus Bernardes e Brack. Tatiana lembrou que o inquérito da Polícia Civil concluiu que Eliseu foi morto em um assalto, de forma aleatória, e não em uma execução.
“Estou feliz com essa decisão, com a luta que tivemos para assegurar a plenitude da defesa, em um caso muito diferente de tudo o que eu estava acostumada a enfrentar. Posso dizer que é um marco da minha atuação de anos no Júri. Efetuar uma defesa, não de um crime doloso contra a vida, mas sim de um crime de corrupção, em um contexto nacional em que se busca a caça às bruxas aos corruptos, conseguir que a sociedade reconhecesse que esse fato não existiu. Trata-se de uma grande vitória e um grande reconhecimento do trabalho feito pela Defensoria Pública do Estado”, comentou Tatiana.
No fim do mês passado, Tatiana já havia conseguido absolver o réu Jonatas Gomes, que era acusado de participação na morte. Jonatas é irmão de Eliseu Pompeu Gomes, já condenado pelo crime.
Caso Eliseu
Eliseu Felippe dos Santos, 63 anos, foi morto na noite de 26 de fevereiro de 2010. Ex-vice-prefeito da Capital, ele era secretário municipal de Saúde à época e se preparava para entrar no carro dele, acompanhado da esposa e da filha, na Rua Hoffmann, no bairro Floresta, minutos após deixar um culto. Santos foi abordado por criminosos e chegou a sacar uma pistola, tentando se defender, mas acabou atingido por uma sequência de disparos e não resistiu.
Eliseu era médico traumatologista e ortopedista. Natural de Porto Alegre, foi vereador e deputado estadual pelo PTB, além de vice-prefeito e secretário municipal.
Fonte: DPE/RS.
Foto: Anselmo Cunha / Agencia RBS.